NATAL CRISTÃO OU NATAL PAGÃO?

Por Marco Sousa


"Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça(...) " - Malaquias 4:2
"O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz" - Isaías 9:2
"Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida" - João 8:12

Qualquer Cristão sabe que Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro, isto é um fato notável, todavia isto não nos dá o direito de propagarmos as mentiras e as meias-verdades plantadas na web por militantes ateus, ímpios e lobos irreligiosos contra o cristianismo. A mentira propagada no púlpito é mais feia e tenebrosa do que a mentira propagada na porta de um boteco.

No dia 25 de dezembro na Roma antiga (antes da conversão de Constantino) comemorava-se o "dia do deus sol" ou "die natalis Solis invicti" (o dia do nascimento do sol invencível) que representava para os pagãos a vitória da luz sobre as trevas. Foi em meio a este ambiente pagão que a igreja de Cristo nasceu e frutificou em Roma.

Confessar publicamente a fé cristã em Roma, antes do quarto século (quando surgiu a igreja católica de Constantino) significava receber a pena de morte. Os mais fiéis a Cristo eram martirizados. A igreja fiel romana vivia às escondidas. Muitos crentes serviam a Cristo clandestinamente, isolados da sociedade ou no anonimato, mesmo vivendo em sociedade. A iconografia cristã primitiva romana usou sistematicamente temas pagãos para manifestar e representar a sua fé em Cristo. Era uma maneira de disfarçar a fé cristã quando o risco de perseguição e morte impedia o uso de símbolos cristãos explícitos. Confira o exemplo abaixo:


No mosaico acima Jesus é representado sob o disfarce do Sol Invicto (reconhecido pelos sete raios em sua cabeça) conduzindo uma biga. A imagem de Jesus é deduzida pelas folhas de videira que contornam a figura. (Mosaico do século III na Necrópole do Vaticano, sob a Basílica de São Pedro).

Se para os romanos pagãos o "deus sol invencível" rompia com as trevas trazendo luz em um mundo cheio de ignorância e erro, para os cristãos perseguidos de Roma (aqueles que eram jogados aos leões nas arenas) o grande Sol da Justiça, invencível e majestoso era o próprio Senhor Jesus Cristo, cuja glória era capaz de ofuscar o brilho do sol que iluminava as terras de Roma e que era adorado como um deus.

Após a conversão do Império romano ao cristianismo, com o imperador Constantino em 313 e Teodósio em 385, a igreja católica romana fixou a data do dia 25 de dezembro para  celebração do Natal, para indicar ao povo cristão que o verdadeiro Deus é Jesus Cristo e não o Sol Invictus até então cultuado. Quem diz que a igreja católica adotou esta data com intenções profanas e espúrias comete os pecados da mentira, da insensatez religiosa e da desonestidade intelectual.

Como a Bíblia Sagrada não menciona a data do nascimento de Cristo, o Natal era celebrado tanto no oriente quanto no ocidente (ainda que não em todos os lugares) em diferentes datas, em um período que variava de 28 de março a 18-25 de abril, de 20 ou 29 de maio a 24 de junho e 17 de novembro e também o 25 de dezembro, no caso dos romanos. Antes do surgimento da igreja católica, o historiador cristão Sextus Julius Africanus, em 221 d.C aponta o 25 de dezembro como data de comemoração do nascimento de Cristo. Hipólito de Roma, que viveu entre 170-235 d.C, também citou o 25 de dezembro como data da comemoração do nascimento de Cristo. Torna-se pretensiosa e arrogante a tática de acusar a igreja católica por conta da aceitação da data de 25 de dezembro para celebração do natal. Se a igreja católica não tivesse feito aquilo, hoje certamente teríamos católicos adorando o sol (que pode ser visto e sentido) e acusando os evangélicos de infidelidade. Nos tempos do papa Leão I, muitos católicos ainda adoravam o sol: “É tão estimada essa religião do Sol que alguns cristãos antes de entrarem na Basílica de São Pedro, depois de subirem a escada, se voltam para o Sol e se inclinam em homenagem à estrela brilhante. Estamos angustiados e lamentamos muito por esse fato repetido por uma mentalidade pagã. Os cristãos devem abster-se de qualquer aparência de deferência a esse culto dos deuses” (Papa Leão I, Sétimo sermão realizado no Natal de 460).

O natal de Cristo não tem papai noel, não tem bebedeira, não tem comércio de almas ou de escravos religiosos e muito menos tradições de ímpios. A data serve para evangelizar os amigos e reunir a família em torno da salvação que há em Cristo Jesus, o nosso sol da justiça.

Todo dia 25 de Dezembro eu glorifico a Deus porque o verdadeiro sol da justiça nasceu em Israel em alguma data do ano (que eu não sei qual) e até os anjos comemoraram, cantando louvores a Deus. O verdadeiro e invencível Sol da justiça (Rei dos reis e Senhor dos senhores) tomou o seu lugar de destaque na história da humanidade e o "deus solar romano" idolatrado pelos perseguidores do cristianismo foi totalmente esquecido, embora há muitos crentes hoje tentando trazê-lo à memória do povo de Deus em seus discursos de ódio contra o natal!

Glória ao Pai, Glória ao Filho e Glória ao Espírito Santo!


BÍBLIA SAGRADA - Almeida Revista e Corrigida Fiel - 2011.
MIRCEA, Eliade. História das crenças e das ideias religiosas. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
McGOWAN, Andrew. How December 25 decame Christmas. Bible Historical Daily. 25 dez 2018.
ROLL, Susan K. Towards the Origins of Christmas. Kok Pharos Publishing House, 1995