
TEXTO ÁUREO
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas
me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1Co 10.23).
VERDADE PRÁTICA
As Escrituras Sagradas ensinam o que convêm à virtude do bem-viver cristão em
sociedade.
MEDITAÇÃO
Mt 5.13,14 - Os cristãos foram chamados para ser “sal” e “luz”.
Mt 24.35 - A Palavra de Deus é o fundamento da Ética Cristã.
Êx 20.1-17 - O Decálogo é a lei moral proferida pelo próprio Deus.
Tt 2.11-14 - O Evangelho produz transformação no caráter do ser humano.
Mt 6.33 - Priorizando o Reino de Deus e a sua justiça.
Mt 5.48 - Chamados a uma vida de perfeição.
1 CORÍNTIOS 10.1-13
1 - Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo
da nuvem, e todos passaram pelo mar. 2 - E todos foram batizados em Moisés, na
nuvem e no mar, 3 - E todos comeram de uma mesma comida espiritual, 4 - E
beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual
que os seguia; e a pedra era Cristo. 5 - Mas Deus não se agradou da maior parte
deles, pelo que foram prostrados no deserto. 6 - E essas coisas foram-nos feitas
em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. 7 - Não
vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; conforme está escrito: O povo
assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar. 8 - E não nos
prostituamos, como alguns deles fizeram e caíram num dia vinte e três mil. 9 - E
não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas
serpentes. 10 - E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e
pereceram pelo destruidor. 11 - Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e
estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.
12 - Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia. 13 - Não veio sobre
vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do
que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais
suportar.
Estudar ética é muito importante para o aperfeiçoamento dos nossos
relacionamentos e conduta na sociedade. Entretanto, veremos nesta aula que a
Ética Cristã difere da secular. Enquanto esta se fundamenta em valores
materialistas e relativistas, aquela tem como eixo a Palavra de Deus, a
revelação divina imutável. Assim, como vivemos em uma época onde os conceitos
pós-modernos relativizam as doutrinas cristãs, é relevante identificarmos os
principais fundamentos da Ética Cristã a fim de aperfeiçoar nossa vida de
comunhão com Deus e testemunho cristão à sociedade (Mt 5.13,14).
PONTO CENTRAL
A Ética Cristã
remonta as virtudes do Reino de Deus.

É importante entender os
conceitos de "moral" e de "ética".
I. O CONCEITO DE ÉTICA CRISTÃ
1. Definição Geral. A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego
ethos, que significa “costumes” ou “hábitos”. No latim, o termo usado se
corresponde a mos (moral), no sentido de “normas” ou “regras”. Devido à
proximidade linguística desses termos, muitas vezes eles são usados como
sinônimos. Contudo, devemos defini-los separadamente.
2. Ética e Moral. Enquanto ciência, a ética pode ser entendida como a
área da filosofia que investiga os fundamentos da moral adotada por uma
sociedade. Por conseguinte, a moral refere-se ao comportamento social em relação
às regras estabelecidas. Essas regras podem variar de uma cultura para outra,
podendo sofrer variadas e sistemáticas alterações. Tudo dependerá da referência
de autoridade que serve de fundamento para os padrões de conduta social.
3. Ética Cristã. Tem como objetivo indicar a conduta ideal para a retidão
do comportamento cristão. O fundamento moral da Ética Cristã são as Escrituras
Sagradas. Por isso, sua natureza não se altera nem se relativiza. Desse modo, a
Ética Cristã não se desassocia da moral e dos bons costumes derivados das
doutrinas bíblicas.
4. Princípios da Ética Cristã. O Deus Trino é santo e imutável. Ele se
revelou nas Sagradas Escrituras, e por isso, a Bíblia é plenamente inspirada por
Deus. Nesse aspecto, os princípios ético-cristãos que derivam das Escrituras são
imutáveis e divinos. Esses princípios têm aplicação adequada para todas as
épocas e culturas, pois são universais. Assim, os padrões ético-cristãos não
podem ser relativizados: “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras
não hão de passar” (Mt 24.35).
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
A ética que brota das Sagradas Escrituras é afundamento da moral
de todo seguidor de Jesus. Por isso ela é cristã.
II. FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ
Neste tópico, mostraremos as principais seções bíblicas, tanto do Antigo quanto
do Novo Testamento — embora seja impossível mencionarmos o ensino integral da
Bíblia sobre o assunto —, que norteiam o senso ético de todo cristão: o
Decálogo, os Profetas, os Evangelhos, o Sermão do Monte, as Epístolas Paulinas e
Gerais.
1. O Decálogo. Os Dez Mandamentos são preceitos éticos que fazem parte da lei
moral de Deus (Êx 20.1-17). Os quatro primeiros tratam da relação do homem para
com o Criador: adoração exclusiva, condenação à idolatria, alerta acerca do uso
vão de seu santo nome e a sacralidade do tempo (Êx 20.1-11). Os seis últimos
mandamentos referem-se à relação do homem com o próximo: honra aos pais, zelo
pela integridade da vida, repúdio ao adultério, proibição ao furto, a mentira e
a cobiça (Êx 20.12-17). Jesus ensinou que os dez mandamentos resumem-se nestes
dois: amar a Deus e amar o próximo (Mt 22.37-39).
2. Os profetas. A mensagem dos profetas do Antigo Testamento tem uma imensa
influência ética para os seguidores de Jesus, abarcando as esferas morais (Jr
17.1-11; Ml 1.6-14; 2.10-16), sociais (Is 58; Mq 2.1-5) e espirituais (Jr
31.31,32; Jl 2.28-32).
3. Os Evangelhos. Evangelho são as boas novas de Cristo (Mt 9.35). A mensagem
registrada pelos evangelistas contém apelo ao arrependimento, renúncia ao
pecado, oferta de perdão, esperança de salvação e santidade de vida (Mt 3.2; Lc
1.77; 9.62). Os seguidores de Cristo são convocados a viverem as doutrinas do
Evangelho e a adotarem a ética e a moral do Reino de Deus como estilo de vida (Mc
10.42-45).
4. O Sermão do Monte. Este sermão contém princípios do mais alto ideal moral.
Nele são reveladas a ética e a moral do Reino de Deus em questões como: a ira, o
adultério, o divórcio, o juramento, a vingança e o amor (Mt
5.22,28,32,37,39,44); também aborda a esmola, a oração e os jejuns (Mt
6.1,5,16); passando pela questão do prejulgamento, dos falsos profetas e dos
alicerces espirituais (Mt 7.1,15,24-27). O Sermão do Monte está para os cristãos
como o Decálogo está para os judeus. Por isso, nosso Senhor convida a seus
seguidores que priorizem o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33).
5. As Epístolas Paulinas e Gerais. As Epístolas Paulinas, bem como as gerais,
trazem ensinamentos aprofundados sobre a nossa relação com Deus (Rm 12.1,2; Hb
13.7-17), com o Estado (Rm 13.1-7; 1Pe 2.11-17), com o próximo (Rm 13.8-10;
14.1-12; 1Jo 3.11-24), a injustiça social (Tg 2.1-13; 5.1-6), a questão da
sexualidade cristã e do casamento (1Co 6.12-20; 1Co 7.10-24).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
A Ética Cristã está fundamentada nas Sagradas Escrituras, onde o
Decálogo, a Mensagem dos Profetas, os Evangelhos, o Sermão do Monte, as
Epístolas Paulinas e Gerais merecem destaques.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Atenção para a tradição da Igreja de Cristo!
Além das Sagradas Escrituras, a Igreja de Cristo tem uma tradição riquíssima em
decisões de questões éticas, como aborda muito bem o pastor Claudionor de
Andrade: ‘Se, por um lado, não podemos escravizar-nos à tradição, por outro, não
devemos desprezá-la. Sem o legado dos que nos precederam, jamais teríamos
conseguido estruturar nosso edifício teológico, moral e ético. Logo, é-nos
permitido eleger a tradição eclesiástica como o segundo fundamento da Ética
Cristã. [...] A tradição, quando bem utilizada, assessora a Igreja nos dilemas
teológicos, morais e éticos. O apóstolo Paulo reconhece-lhe a importância: ‘Nós
vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo
irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós
recebestes’ (2Ts 3.6). O que não podemos fazer é colocá-la de
pé de igualdade com a Bíblia. A Didaqué é um dos tratados mais
antigos e tradicionais da Igreja Cristã. Produzida ainda nos dias apostólicos,
ajudou os primeiros cristãos a posicionarem-se espiritual e eticamente. A
Doutrina dos Doze Apóstolos, como também é conhecida, realçava-se por amorosas
admoestações, conforme podemos observar: ‘Há dois caminhos: um da vida e outro
da morte. A diferença entre ambos é grande. O caminho da vida é, pois, o
seguinte: primeiro amarás a Deus que te fez: depois teu próximo como a ti mesmo.
E tudo o que não queres que seja feito a ti, não o faças a outro’. Mais adiante,
prossegue o autor anônimo, citando as práticas que conduzem o ser humano à
perdição: ‘Mortes, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatrias,
práticas mágicas, rapinagens, falsos testemunhos, hipocrisias, ambiguidades,
fraude, orgulho, maldade, arrogância, cobiça, má conversa, ciúme, insolência,
extravagância, jactância, vaidade e ausência do temor de Deus” (ANDRADE,
Claudionor de. As Novas Fronteiras da Ética Cristã. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017,
pp.17,18).
“Historiador e estadista, Churchill não ignorava a influência da Bíblia Sagrada
na formação das grandes nações. Sabia que, sem ela, a Civilização Ocidental
seria inviável. Por isso, foi tão categórico ao analisar as conquistas
espirituais e morais da Inglaterra: ‘O estandarte da ética cristã [a Bíblia] é,
ainda, o nosso mais importante guia’”. Para conhecer mais, leia As Novas
Fronteiras da Ética Cristã, CPAD, p.9.
III. CHAMADOS A VIVER ETICAMENTE
Os israelitas foram reprovados por não obedecerem a lei moral outorgada por Deus
no deserto. Tal registro foi feito para a nossa advertência, pois as Escrituras
dizem acerca do perigo de não vivermos o ideal ético do Reino (1Co 10.5).
1. “Não cobiceis as coisas más”. Paulo adverte a Igreja em Corinto a não
incorrer no pecado da cobiça (1Co 10.6). No deserto os israelitas cobiçaram o
que lhes fora proibido e, por isso, sentiram saudades do Egito (Nm 11.4,5).
Infelizmente, ainda hoje, pseudocristãos cobiçam os prazeres do mundo. Assim,
preferem o hedonismo e a escravidão do pecado a cumprirem a lei moral do Pai.
2. “Não vos torneis idólatras”. O apóstolo exorta acerca do perigo da idolatria
(1Co 10.7). Enquanto Moisés recebia as tábuas da Lei (Êx 31.18), os israelitas
se corrompiam adorando um bezerro de ouro (Êx 32.1-6). O ato de idolatria não
consiste apenas na adoração de uma imagem. Falsos cristãos desprovidos da ética
das Escrituras adoram o dinheiro e os bens materiais. A Bíblia chama esse pecado
de idolatria (Cl 3.5).
3. “Não nos prostituamos”. À luz da história dos israelitas, o apóstolo alerta
acerca da maldição provocada pela prostituição (1Co 10.8). A imoralidade
encabeça a lista das obras da carne: “prostituição, impureza, lascívia” (Gl
5.19). Muitos, em nome da “graça barata”, justificam a imoralidade e a
sensualidade em suas vidas. A Palavra nos ensina que é preciso conservar o nosso
corpo irrepreensível (1Co 6.18,19; 1Ts 5.23).
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A Ética Cristã é um chamado para vivermos um estilo de vida
segundo as virtudes do Reino de Deus.
CONCLUSÃO
A Bíblia Sagrada é o fundamento para o viver ético-moral dos cristãos. É a única
regra infalível de fé e de conduta para a Igreja (2Tm 3.16). Portanto, em tempos
de ataques ideológicos contra a cultura judaico-cristã, a Igreja não deve
furtar-se de ser o “sal da terra” e a “luz do mundo” em pleno século XXI (Mt
5.13,14).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LUTZER, E. Cristo entre outros deuses. RJ: CPAD, 2000.
(PALMER, M. D. (org.) Panorama do pensamento cristão. RJ: CPAD, 2001, pp. 401,
403.)
Revista EBD Jovens e Adultos da CPAD - 3º Trimestre de 2008 - Comentarista
Wagner Dos Santos Gaby.
Revista EBD Adultos da CPAD - 2º Trimestre de 2018 - Comentarista Douglas
Baptista.